A moção de censura apresentada pelo PCP e o objectivo que lhe está associado – uma clara exigência de ruptura com a política de direita e com a acção destruidora do Governo e de rejeição do pacto de agressão – corresponderá como nunca às aspirações da generalidade dos trabalhadores e do povo português. Uma moção que dando expressão ao sentimento de inquietação e de indignação, rompendo com o manto de ilusões todos os dias espalhado, desmontando os fantasiosos «sucessos» vendidos pelo Governo, trazendo do céu para a terra a dura realidade com que o País está confrontado, contribui para que mais portugueses tomem consciência de que, se o País já não está à beira do abismo como há dias afirmou o primeiro-ministro, é porque já se deu o passo em frente e nele já se caiu.
Percebe-se o incómodo de muitos. Como melhor se percebe o arsenal de argumentos arremessados contra o PCP. Inoportuna, bramam uns para, sob mal amanhados pretextos, esconderem o seu incómodo pelo que a moção pode representar de obstáculo ao prosseguimento de uma ofensiva que, dizendo criticar, aspiram que prossiga sem sobressaltos; irresponsável, bramam outros para, a pretexto de uma alegada «desestabilização» e «crise política» que a sua aprovação significaria, verem assegurada a estabilidade que desejam para prosseguir a sua ofensiva política que está a arrastar, essa sim, para uma crise sem precedentes a vida de milhões de portugueses e a situação económica e social; mera jogada táctica, bramam uns e outros para, procurando negar a dimensão de coerência e determinação que a moção encerra, insinuar que ela se destina não a interromper o caminho para o desastre mas sim a uma hipotética intenção de «entalar o PS». Tranquilizem-se as almas: para lá da mania das grandezas de quem possa, julgando-se o centro do mundo, julgar que tudo é feito a pensar em si, a verdade é que ali, no PS, ninguém se deixa entalar. Ali mora quem está, sobretudo, disposto a continuar a entalar a vida dos trabalhadores e do povo português, de braço dado com o Governo na concretização do pacto de agressão que subscreveu e empenhadamente concretiza, posição entremeada a espaços com umas abstenções violentas e umas ridículas ameaças oposicionistas.
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