Decide-se primeiro que direitos é necessário cortar! Avança-se com a ameaça de malfeitorias muito piores (sempre com o apoio de tal ou tal fazedor de opinião) e dramatiza-se as condições que justificam e mesmo exigem essas medidas.
Quando se aplica as medidas iniciais, faz-se passar a ideia de que os que são esbulhados dos seus direitos ainda ficam a ganhar.
Vejamos! Para corresponder à ancestral gula do capital de abocanhar a parte de leão da Segurança Social (contribuintes aos milhões, dinheirinho em caixa, lucro garantido e previamente arrecadado) os governos de turno procuram vender a ideia de que: a Segurança Social não tem sustentabilidade; não se pode pagar pensões de montantes elevados, escondendo que a maioria dos que as recebem descontaram sobre salários elevados; hoje há poucos trabalhadores a descontar para o conjunto de beneficiários.
Para dar ideia de que está preocupado, o Governo suspendeu as reformas antecipadas, iludindo que nos últimos meses autorizou o despedimento de centenas, senão milhares de trabalhadores, de empresas que não quiseram dar-se ao trabalho de proceder a despedimentos colectivos! Que assim ficaram dependentes do subsídio de desemprego, ou seja dos cofres da Segurança Social e são, na sua maioria, homens e mulheres velhos de mais para arranjar trabalho, mas novos demais para a reforma, pelo que acabarão considerados desempregados de longa duração, com direito à reforma antecipada, ainda que o façam muitas vezes com severas penalizações.
Há ainda o sempre prestável Expresso (há-de receber uma medalha pelos bons ofícios!) que lança a atoarda de que o Governo quer aumentar a idade da reforma para os 67 anos.
«Que não», diz o Governo, «a situação é insustentável, mas aguenta-se com o plafonamento das contribuições» (lá está, entregar de mão beijada às seguradoras uma parte da receita!), escondendo que se a Segurança Social tem hoje menos receitas isso se deve ao esmagamento dos salários e que retirar essas receitas à Segurança Social só agravará o problema.
Mas calma, não é tão mau como se previa. E assim se monta o circo da mais velha técnica do mundo!
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