sexta-feira, 12 de abril de 2013

As reacções da reacção artigo de opinião de vasco Cardoso no Jornal Avante

A importante derrota imposta ao Governo e à sua política pela decisão do Tribunal Constitucional – que decretou a inconstitucionalidade de quatro artigos do Orçamento do Estado – determinou uma inaceitável operação de pressão e chantagem sobre o povo e o País .
O mote foi dado pelas primeiras palavras dos membros dos partidos do governo PSD/CDS com a tentativa de responsabilização do TC e, sobretudo, da Constituição pela situação de desastre em que o País se encontra; seguiu-se a declaração do Presidente da República, desta vez sem recurso ao facebook, para sublinhar o seu apreço por um governo moribundo e ilegítimo e a sua disponibilidade para uma rendição sem condições do País aos pés da troika e do grande capital; no domingo, foi a vez do primeiro-ministro ameaçar com um «2.º resgate» e anunciar mais despedimentos e cortes nas funções sociais do Estado: não rouba com a mão direita, rouba com a esquerda! Ao mesmo tempo sossegava o capital e enganava outra vez o povo quando anunciava que não haveria mais aumento de impostos; no dia seguinte, foi a vez da UE entrar em cena e exibir a sua «preocupação». Anunciava ainda a suspensão das tranches da malfadada «ajuda» e uma visita intercalar da troika antes da próxima «avaliação»; e ao final do dia, o inevitável Gaspar decretava a suspensão de pagamentos do Estado que, mais do que paralisar a administração pública, ameaça paralisar o País. Dias estes, regados ainda por centenas de comentários e análises desse exército ao serviço do capital que infesta televisões, rádios e jornais, bombardeando o povo com as suas infalíveis sentenças, escondendo a alternativa, distribuindo o medo, empurrando as massas para o lodaçal das inevitabilidades e da resignação.
A violenta reacção da reacção à decisão do TC – que não deve ser separada da poderosa e convergente torrente de lutas contra a política de direita e em defesa da própria Constituição – pôs a nu o crescente confronto entre a política que ao longo de mais de três décadas e meia PS, PSD e CDS concretizaram e a Constituição a que se devem submeter. Mas mais do que uma exibição de força, o que este corrupio de declarações e novas ameaças pode revelar é a consciência de que o fim deste governo está bem mais próximo do que aquilo que o grande capital desejaria.

Sem comentários: