Prosseguindo o role de desastres e más notícias que tem sido o exercício do poder cá e lá, surgiu nestes últimos dias, em resposta a uma encomenda do governo de Passos Coelho, um relatório do FMI com extraordinárias "dicas" para cumprir o propósito final desta coligação que nos governa: a "refundação" do Estado português. Com total desconhecimento da realidade social e económica portuguesa, dando voz a uma escola que coloca a economia como um fim em si mesmo, fazendo "tábua rasa" do que é a lei fundamental do nosso país e usando dados falsos, este relatório de 76 páginas em inglês, avança com um pacote de medidas que são o auto de fé da Democracia.
Grave não é que uns quantos académicos e burocratas, destituídos de moralidade, produzam um documento daqueles, grave é que o governo do PSD/CDS o tenha encomendado, pago a preço de ouro com o nosso dinheiro e ainda não tenha justificado de forma séria o que pretende fazer com aquelas "recomendações", promovendo, assim, cada vez mais uma nova forma de terrorismo sobre o cidadão comum.
Cá e lá os governos têm sido férteis na utilização desta estratégia: espalhar o medo. Fazem surgir pela voz dos seus "testas de ferro" um conjunto de ideias mirabolantes, reduzem-se ao silêncio e deixam que vão parecendo inevitabilidades, encenam amuos e conflitos internos e entre a coligação, avançam com mais medidas de austeridade em raids destrutivos mas cirúrgicos de forma a minimizar as reacções, desobedecem descaradamente à Constituição da República e contornam as decisões dos tribunais, mostram-se incompetentes mas cumprem rigorosamente os seus próprios programas ocultos.
Este terrorismo tem mostrado eficácia: subjuga e imobiliza. Estar atento, procurar informação, trocar ideias e fazer escolhas são imperativos éticos e cívicos. Já passou o tempo em que fingíamos ser uma próspera democracia europeia, é tempo de acordar e afirmar que somos um povo com dignidade que se recusa a viver acocorado pelo medo imposto pelos traidores.
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