
É este o quadro que suscita agora declarações e manobras por parte de figuras como Barroso e Merkel que, aparentemente contraditórias, mais não são do que uma tentativa de fuga em frente. Durão Barroso afirmou na segunda-feira que a política de austeridade «atingiu os seus limites», que ela é «fundamentalmente correcta» e que a correcção do défice e da dívida é «indispensável». Cola a este discurso a ladainha do «crescimento e do emprego» que a social democracia associou ao tratado orçamental que apoiou e aprovou. Conclui acenado com o risco de uma divisão na Europa como resultado da crise. Já Merkel fala do mesmo mas em tom diferente. «Temos de estar preparados para aceitar que a Europa tem a palavra final em certas áreas. Caso contrário, não seremos capazes de continuar a construir a Europa». Conclui afirmando que os países do euro devem estar preparados para ceder soberania.
Ora, o que significam neste momento estas afirmações? Simples. O que pretendem é subir um furo acima na concentração do capital e do poder político. Para tal nada como dramatizar o cenário de divisões na Europa para pressionar o salto federalista em preparação. Só que o que Barroso e Merkel vêm defender agora – cada um à sua maneira e não conseguindo esconder rivalidades – não irá resolver rigorosamente nada, apenas irá aprofundar as contradições. O «passo em frente» de que Merkel agora fala para sacudir pressão seria, se não travado pela luta, para o abismo!
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