segunda-feira, 18 de março de 2013

"É preciso que alguma coisa mude, para que tudo fique na mesma." artigo de opinião de Isabel Cardoso no DN

Jardim já não tem rede, está por sua conta e risco e no círculo dos que o rodeiam encenam-se artificiais combates de facções internas e simulam-se falsas oposições partidárias como a lançada pelo sempre parasitário e oportunista CDS/PP.
O monstro por ele criado, contudo, dá sinais de vitalidade e de capacidade de regeneração. A moção de confiança que o governo regional fez aprovar para si mesmo, ao contrário do que o gesto de cobardia política poderia mostrar, é um dos indícios de como o regime está ainda muito longe do fim. Que a carreira política e o poder pessoal de Alberto João Jardim tenham os dias contados, parece-me evidente mas que o regime (e os que dele tiram sustento) procura criar as condições para que da queda daquele o personifica, se retire o menor dano e se possa mesmo vir a reforçar os alicerces, não tenho a menor dúvida. Cumpre-se a estratégia de sobrevivência do poder tão bem ilustrada na célebre frase da obra, "O Leopardo" de Lampedusa: "É preciso que alguma coisa mude, para que tudo fique na mesma".
Às facções e às famílias do regime pouco importa o destino de Jardim. Continuarão a rodeá-lo com a bajulação e a homenagem que o seu perfil psicológico requer mas são unânimes em considerar que é tempo de vencer os obstáculos que o desgaste da sua imagem tem criado e apostar na renovação do invólucro do sistema que os mantém: aí estão os "albuquerques" e os "josémanueisrodrigues" a oferecerem-se para corporizar a nova aparência do um mesmo poder.
Não tenhamos ilusões, o regime jardinista é o responsável por uma Madeira que sorveu avidamente os dinheiros da Europa construindo o cenário de falsa melhoria da qualidade de vida e que nos endividou até ao insuportável da miséria criando fortunas a uma elite que agora concerta estratégias para fingir a mudança que o povo começa a exigir.

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