Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, falava no 3.º Forum da Fiscalidade sobre o Orçamento do Estado para 2013 e disse a frase da semana: «quando se pergunta se o país aguenta mais austeridade, ai aguenta, aguenta, aguenta, aguenta, não gostamos mas aguenta, mas aguenta».
Este Ulrich é o mesmo que há umas semanas se tinha oferecido para receber desempregados no seu BPI. À borla, claro, até porque, dizia o iluminado, «é melhor que pagar subsídios de desemprego» e o pessoal sempre sai de casa e ganha currículo. O lucro encaixá-lo-ia ele e os seus, como é natural.
Ulrich, confortavelmente instalado nos seus milhões, diz que o povo aguenta: nos primeiros nove meses do ano, o BPI aumentou os seus lucros mais 15% face a igual período de 2011, para mais de 117 milhões de euros. Claro que o genial administrador não refere que só neste ano o BPI já recebeu 1300 milhões de euros de «ajuda» do Estado. Directamente do bolso do melhor povo do mundo para o bolso da banca mais feliz do mundo.
Mas Ulrich disse mais, continuando a conjugar o verbo aguentar: «os gregos estão vivos, protestam com um bocadinho mais de veemência que nós, partem umas montras, mas eles estão lá, estão vivos». Ficamos assim a saber qual é o limite da austeridade para Ulrich: a morte. Faz lembrar a anedota do dono de um burro que o começou a treinar para viver sem comer. Todos os dias lhe dava um bocadinho menos de palha, e o burro continuava a cumprir o seu papel. Lamentavelmente, quando o burro já vivia praticamente sem comer nada, morreu. Assim está Ulrich, valorizando que os gregos ainda estejam «lá». E, surpreendentemente, ainda a respirar. E se respiram é porque aguentam. E se eles aguentam, os tugas também.
De certeza que não foi de propósito, mas Ulrich lá deixou escapar que «um bocadinho mais de veemência» e umas montras partidas é coisa que ele e os seus aguentam. O que eles não aguentam é que o povo se levante e diga que basta. Que já chega. É do dia em que a luta organizada dos trabalhadores e do povo se exprimir em toda a sua extensão que Ulrich e os seus têm medo. É esse dia que estamos construir e que terá na greve geral de dia 14 um momento alto.
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