A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais anunciou hoje que vai interpor um processo-crime contra o presidente do governo regional da Madeira pelas declarações sobre a "estranha coincidência" dos incêndios terem ocorrido após os seus comentários sobre os bombeiros.
"Iremos ainda hoje ou o mais tardar amanhã [quarta-feira] mover um processo-crime contra o presidente do governo regional", afirmou à agência Lusa o presidente da associação, Fernando Curto.
O responsável referiu que Alberto João Jardim devia "conferir muito mais responsabilidade [ao que afirma] e ter tento na língua, que muitas vezes não tem". Curto defendeu que os bombeiros deveriam "ser mais respeitados na Madeira".
O presidente do governo regional da Madeira disse hoje que os fogos que assolaram a ilha provocaram um cenário "dantesco" e considerou como "estranha coincidência" os incêndios terem ocorrido após as suas declarações sobre os bombeiros.
Questionado sobre se este cenário poderia ter sido evitado se houvesse mais bombeiros, Alberto João Jardim respondeu negativamente.
"Sobre os bombeiros que existem, mantenho o que disse há dias. Aliás, é uma coincidência estranha depois do que disse, isto suceder", afirmou o governante.
O governante reiterou que "há bombeiros a mais em uma ou duas corporações e só nessas", desabafando que "esta situação excecional até parecia que era para provar que não havia bombeiros a mais".
Fernando Curto respondeu, por seu lado, lamentar essas afirmações que "direta e indiretamente culpa os bombeiros", afirmou.
Segundo o dirigente, muitos dos bombeiros envolvidos no combate às chamas na Madeira têm "três meses de vencimento em atraso" e a "maioria dos bombeiros municipais têm um tratamento legislativo diferente dos bombeiros do Continente".
"Como tal, é lamentável que o presidente do Governo Regional venha dar a entender que uma manifestação que teve lugar e deixa suspeitas que poderiam ter sido os bombeiros a tomar parte nestas ações", afirmou à Lusa.
Fernando Curto disse ainda à Lusa que o governo da Madeira "não apoia os bombeiros", reiterando que devia avaliar a coordenação "para saber quais as razões dos incêndios terem tomado aquelas proporções" e concluir pela necessidade de meios aéreos na Região.
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